Por Andréa de Paiva
Imagine como seria o mundo se os arquitetos projetassem edifícios ainda mais eficientes, como escolas que estimulam o aprendizado, hospitais que impulsionam a recuperação dos pacientes e façam com que eles sintam menos dor, ambientes de trabalho que aflorem criatividade e colaboração. Desde a época de Vitrúvio os arquitetos se preocupam com os impactos que seus edifícios geram nos usuários. Então o que tem de novo na NeuroArquitetura???
Atualmente, com os avanços da neurociência, estamos entendendo cada vez mais o funcionamento dessa máquina incrível que é o cérebro humano. Quando Freud começou a falar do inconsciente e seus impactos no comportamento de cada um, a tecnologia ainda não permitia a compreensão fisiológica de tudo isso. Hoje, porém, com a ressonância magnética e o eletroencefalograma, por exemplo, podemos analisar que gatilhos ativam os mais diversos sistemas neuronais.
Hoje sabemos que nossa consciência é extremamente lenta e que, muitas vezes o cérebro tem que nos fazer agir antes de termos tempo de pensar sobre o assunto [1]. Por exemplo quando tropeçamos e conseguimos nos reequilibrar sem cair. Todas as reações necessárias para recuperar o equilíbrio acontecem muito rapidamente, de forma automática. Isso mostra como nosso instinto é mais veloz e como ele tem o poder de tomar o controle da situação antes mesmo da gente se dar conta.
Mas o que tudo isso tem a ver com a arquitetura??? O melhor entendimento do cérebro, principalmente dos pensamentos que estão abaixo do nível da consciência, pode ajudar os arquitetos a projetarem edifícios que impactem seus usuários de forma ainda mais profunda. A compreensão do instinto de sobrevivência, das emoções, da plasticidade cerebral, entre outros, vai fazer com que a arquitetura seja uma ferramenta de transformação de comportamentos ainda mais eficiente [2]. Edifícios serão projetados não apenas levando em consideração a estética e a funcionalidade, mas focando nos impactos gerados em níveis mais profundos no nosso organismo, que escapam da percepção consciente.
É lógico que isso tudo ainda é só o começo! Ainda temos um longo caminho de novas descobertas pela frente... Em breve voltaremos a discutir outras das muitas características da NeuroArquitetura.
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Referências:
[1] KAHNEMAN, D. (2011) Thinking, Fast and Slow. New York: Farrar, Straus and Giroux